Desde que decidi sair de casa dos meus pais, a minha maior preocupação era o facto de ainda não ter arranjado trabalho e de as despesas recairem sobre o meu namorado. Por vários motivos que não vos tenho de dizer, decidi que devia ficar por perto de casa, apesar de ter muita vontade de viver no estrangeiro.
Verdade seja dita, arranjar emprego em Portugal não está fácil e é super complicado arranjar trabalho relacionado com Chinês numa pequena cidade alentejana. Comecei por me dedicar ao voluntariado, algo que pretendo praticar todos os dias como se fosse um emprego pago e só quem tem gosto na prática de ser voluntário consegue entender o que se ganha diariamente num ambiente onde podemos ser nós mesmos e dar aos outros aquilo que necessitam sem esperar nada em troca. É quase como um Natal onde os presentes são acções e sorrisos.
Agora no final do mês, tudo se compôs. Além do voluntariado, sou bombardeada diariamente (num bom sentido!) com traduções e além disto, muito em breve vou tornar-me formadora de Mandarim.
É um começo. Um novo e importante começo. Percebi que chegou a altura de assumir novas responsabilidades e de retomar antigos sonhos, como o de ser tradutora a partir de casa e passar o dia com a cabeça atolada em documentos, fazer um doutoramento, ter uma casa no campo e alguém com quem partilhar as refeições e a almofada. Parece que cheguei a esse momento e estou ansiosa por cada segundo.
Percebi que dúvidas e medos vou ter sempre mas, o mais importante é aprender a controlá-los e arriscar. Além disso, tenho de ter sempre em mente que há imensa gente do meu lado a dar-me apoio e que isso me dá força para seguir em frente.
E é isto. Queria apenas partilhar convosco que, e por mais cliché que possa parecer, há sempre alturas da nossa vida que parecem mais negras porque noutras alturas paira sobre ela uma luz tão brilhante quanto o sol. O essencial é perceber que por detrás das nuvens, o sol continua a brilhar e saber esperar que ele volte.